sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Memória Literária finalista na Etapa Escolar na OLP 2016

 Cadê o grilo?*

Guardo essas lebranças no fundo do meu coração, lembro-me delas como se fosse hoje, apesar de eu ter nascido e me criado no sítio Barbado, na pequena cidade de Venturosa, em uma casa de taípa com portas e janelas de madeira, chão de barro, fogão à lenha, panelas de argila, iluminada à noite apenas com cadeeiros, com todas as outras dificuldades eu e minha família éramos felizes no lugar onde morávamos.

 No mês de Março, todas as noites rezávamos o terço na minha casa, eu, minha mamãe, suas amigas e minhas amigas filhas das amigas de mamãe.

 Quando nós terminávamos de rezar o terço, eu minhas amigas pegávamos alguns candeeiros para melhor enxergarmos e saíamos como o vento para meu quintal.

 Lá, nós chegávamos a uma laje, com dois barreiros, um a cada lado, com alguns animais pastando naquela linda noite de luar.

 Agora, meu caro leitor, nossa brincadeira vai começar.

 Eu e minhas amigas nos reuníamos e formávamos uma fila, dessa fila uma pessoa ficava com uma chinela e era encarregada de acertar o grilo, essa pessoa perguntava a primeira pessoa da fila:

 -Cadê o grilo?

 -Tá lá atrás-respondia a primeira pessoa da fila.

 O grilo tinha que tentar chegar ao primeiro lugar sem ser pego pela pessoa da chinela por um lado da fila, enquanto isso, a pessoa que estava com a chinela tentaria impedir a chegada do grilo(que era a última pessoa da fila) ao ínicio da fila, e assim a brincadeira se repetia sucessivamente até que a pessoa da chinela pegasse o grilo, daí o caçador se tornaria o grilo e o grilo se tornaria caçador.

 Nós brincávamos até tarde da noite, só parávamos quando minha mãe nos chamava para irmos cada uma para suas casas.

 Hoje, as brincadeiras são todas em jogos eletrônicos em ''smartphones'', ''tabletes'', ''notebooks'' etc.

 Antes as brincadeiras eram a do grilo, bila, esconde-esconde, congelador etc. E nós éramos felizes sem depender de um celular, internet ou redes sociais ao nosso lado.

 De uma coisa eu tenho certeza, a de que a sociedade pode estar mais evoluída hoje, tecnologicamente, mas está perdendo os costumes e o diálogo com a família que se tinham no meu tempo de criança.

(Liedson dos Santos Bezerra, 8º ano, 13 anos)

*Texto baseado na entrevista realizada com Dona Julieta Teodora Bezerra, 73 anos

Nenhum comentário:

Postar um comentário